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por_Ricardo Silva de_São Paulo
Djavan
foto_Mar + Vin

Djavan,elaborado Improviso

Djavan abre o período de celebrações por seus 50 anos de carreira — que terá grande turnê nacional e internacional em 2026 — com o lançamento do álbum “Improviso”. O título, ironicamente, em tudo destoa do período de maturação deste novo trabalho, o primeiro de inéditas do grande cantor e compositor alagoano em três anos. Produzido e editado pela Luana Records, seu selo próprio, e distribuído pela Sony Music, o álbum é o 26º da longeva carreira do artista e traz 12 faixas autorais, sendo 11 delas inéditas.

Os singles “Um Brinde” e “O Vento”, antecipados em setembro e outubro, respectivamente, traduzem o clima do álbum. Este último é uma das raras canções não totalmente escritas por Djavan no trabalho — e a única gravada anteriormente. Mais especificamente por Gal Costa, em 1987, e incluída no seu disco “Lua de Mel Como o Diabo Gosta”. É a primeira vez que o próprio Djavan a registra em estúdio.

O lançamento, como revelou o artista por meio de suas redes sociais, é também uma homenagem póstuma a Gal, uma das intérpretes que mais gravaram canções dele (13 ao todo). Já “Um Brinde” também tem uma história especial: primeira lançada, já acumula versões e covers que vêm surpreendendo o artista.

“Eu fiz a música e lancei ao vivo com o ‘djavanês’, digamos assim, que é o silabado que eu uso para fazer as melodias e daí, depois, fazer a letra. As pessoas (que pegaram o silabado e inseriram letras) estão se revelando maravilhosas. Muita gente muito boa na música, muito boa na escrita. Está um sucesso. Foi realmente uma ideia muito feliz, estou muito contente”, ele afirmou.

Temperos de Claudia Leitte

Numa ambiciosa fusão de áudio e audiovisual, Claudia Leitte vem lançando, em partes, o que promete ser o seu próximo álbum completo, “Especiarias”. Um EP, batizado de “Ato I”, ganhou um curta-metragem que, por sua vez, também foi lançado em partes e cuja estreia, em novembro, ocorreu numa sessão exclusiva num cinema no Recife.

Dirigido por Mess Santos, com direção de arte de Muricy, o trabalho foi filmado em plano contínuo e percorreu três cenários distintos que traduzem as diferentes atmosferas do disco. O formato inédito na trajetória de Claudia é uma produção da Luanda Records em parceria com a Sony Music.

“Foi um trabalho que me conectou ainda mais com o propósito de fazer música que toque e transforme”, ela disse.

Misturando samba-reggae e baladas românticas, “Especiarias” se propõe a traduzir esta fase mais introspectiva e madura de Claudia Leitte, que já havia iniciado em setembro a turnê “Intemporal”, com apresentações previstas em todo o Brasil entre 2025 e 2026. A entrega final do álbum, com todos os atos, será em março do ano que vem

Claudia Leite
foto_divulgação
Matuê
foto_Fernando Shlaepfer

Matuê volta ao ‘XTRANHO’

Matuê deve lançar agora em dezembro o álbum “XTRANHO”, com o qual espera consolidar sua posição no trap, gênero do qual é um dos principais representantes no país. Composto por inéditas escritas por ele, o novo trabalho veio precedido de um misterioso site, com o mesmo nome, e de declarações jocosas do artista em redes sociais.

“Logo avisando que o mês de novembro é meu. Pode lançar, mas vai ser no seu custo e risco”, escreveu em setembro passado no X, sem, contudo, lançar de fato o novo projeto em novembro.

O disco promete ser um retorno ao trap mais ‘puro’, com batidas densas e linhas de baixo agressiva, depois do sucesso anterior, “333”, de setembro de 2024, seu segundo álbum de estúdio e um trabalho bastante amparado em gêneros como R&B, pop e com toques de guitarras do rock psicodélico.

Com mais de 8 milhões de ouvintes mensais nas plataformas, o trapper cearense é um nome em ascensão na cena urbana brasileira, com uma legião de seguidores em redes sociais, onde mistura moda, audiovisual e música.

De surpresa, Anavitória

A dupla Anavitória, que celebrou seus 10 anos em 2025, surpreendeu os fãs ao lançar de forma inesperada o álbum “Claraboia” em setembro. O trabalho, que marca uma fase mais intimista da dupla, traz 20 faixas e cerca de 42 minutos de duração, abrindo caminho para uma turnê “voz e violão” prevista para 2026.

“É, até agora, o nosso disco favorito”, afirmou Ana Caetano nas redes sociais, descrevendo o projeto como uma entrega “de dentro pra fora”.

Gravado em uma casa em Paranapanema (SP) entre fevereiro e abril, o álbum foi produzido por Gabriel Duarte, Janluska e Pegê, os mesmos responsáveis por “Esquinas” (2024). A sonoridade aposta em arranjos simples, focados em voz e violão, preservando ruídos e texturas do estúdio caseiro. Segundo as artistas, o processo foi uma imersão total:

“A gente se isolou pra olhar pra dentro e transformar silêncio em som”, resumiu Vitória Falcão.

As composições são majoritariamente de Ana Caetano, com participações de Rubel, em “Isso é Deus”, e Bruno Berle, em “Olhar pra Você”. As faixas refletem temas de introspecção, fé e amor cotidiano, consolidando “Claraboia” como um retorno às origens acústicas e poéticas da dupla, agora com uma maturidade emocional e criativa mais evidente.

Anavitória
foto_Livia Rodrigues
Oswaldo Montenegro
foto_divulgação

Oswaldo Montenegro:o melhor está por vir

Oswaldo Montenegro fará 70 anos em 2026 e já deu início a uma série de lançamentos e preparativos para celebrar sua carreira profícua. Em setembro, apresentou releitura comemorativa de “A Dança dos Signos”, atualizando o lendário espetáculo musical que foi um marco de sua trajetória, com mais de 1 milhão de espectadores desde o seu lançamento original, em 1983.

Com novos arranjos, assinados por ele próprio, Alexandre Meu Rei e Dudu Trentin, o disco saiu poucas semanas depois do álbum “O Melhor da Vida Ainda Vai Acontecer”, publicado pela ONErpm reunindo releituras de canções emblemáticas suas, como “Léo e Bia”, “Bandolins", “Estrelas”, “Lua e Flor”, “A Lista” e “Estrada Nova”, além da faixa-título, inédita composta por ele.

Com produção e arranjos de Alexandre Meu Rei, o álbum traz ainda participações de Madalena Salles (flautas).

Montenegro já anunciou uma turnê comemorativa, que percorrerá o país estreando em São Paulo três dias antes do seu aniversário, em março. O espetáculo promete unir repertório histórico, tecnologia cênica e um olhar renovado sobre suas composições, reafirmando Oswaldo Montenegro como um dos artistas mais polivalentes e inventivos da música popular brasileira.

Arde Chico Chico

Aos 32 anos, Chico Chico vive uma fase de amadurecimento artístico e pessoal, refletida em seu novo álbum “Let It Burn — Deixa Arder”, lançado pela Deck no final de outubro. Com 20 faixas — “como nos velhos tempos”, ele brinca —, o trabalho reúne 16 composições próprias, sendo nove assinadas apenas por ele, e mescla português e inglês em sua lírica. Produzido por Pedro Fonseca, o disco traz participações de Josyara, Marcos Suzano e Carlos Malta, além de versões para Zé Ramalho, Bob Dylan e Stephen Stills, em um repertório que transita entre blues, groove e milonga.

Em entrevista ao jornal O Globo, o cantor afirmou que seus temas continuam os mesmos, apesar das transformações pessoais: “As minhas músicas ainda são sobre a minha vida, as vidas dos outros, coisas que eu acho bonitas, as coisas que me afligem.”

A urgência que permeia o álbum, segundo ele, vem de um desejo de expressão mais direta e intensa, simbolizado também pela capa em tom vermelho-fogo. O título bilíngue reflete essa dualidade — “uma artimanha para deixar abertas as possibilidades de sentidos”, como explicou.

Por pouco, o álbum não se chamou “Farsa”, título de uma das faixas em que o compositor expõe as inseguranças do ofício de escrever canções. “Gosto dessa ideia da farsa, porque a galera tem muito a imagem do que é um artista, do que é que eu sou e do que é um músico, mas na verdade não é nada disso... e é tudo isso também”, disse. “A gente não é uma coisa só”, completou Chico, que há anos percorre uma trilha de crescente amadurecimento e identidade própria, para além do rótulo de “filho de Cássia Eller”.

Chico Chico
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Ludmilla
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Pedaços de Ludmilla

Ludmilla lançou em novembro “Fragmentos”, seu novo álbum de estúdio — o primeiro desde “Vilã” (2023). É um mergulho da cantora no R&B contemporâneo, gênero que ela revisita com sotaque brasileiro e referências à música negra nacional. O trabalho reúne 15 faixas inéditas, gravadas entre o Brasil e os Estados Unidos, e conta com um time internacional de produtores, entre eles Los Hendrix, Hitmaka, London on da Track e Poo Bear.

Com arranjos que misturam beats suaves e instrumentos orgânicos, “Fragmentos” abre com a faixa “Whiskey Com Água de Choro” e inclui parcerias com nomes como Victoria Monét em “Cam Girl" — música bilíngue lançada em agosto — e Arlindo Cruz, Fred Camacho e Umberto Tavares em “Paraíso”, que celebra o nascimento de Zuri, filha da artista com Brunna Gonçalves. O álbum também traz influências de Elza Soares e do samba, perceptíveis no uso de samples e na presença da cuíca em algumas faixas, conectando tradição e modernidade.

Em texto publicado nas redes sociais, Ludmilla descreveu o processo de criação como uma jornada emocional complexa.

“Foram meses intensos, noites em claro tentando extrair o máximo da minha criatividade, buscando uma sonoridade que fosse real, que tivesse alma”, escreveu.

A cantora revelou ter chorado e dançado durante as gravações, vivendo cada faixa como uma extensão de suas experiências pessoais. “Cada verso carrega um pedaço de mim, das minhas vivências, das minhas vitórias e das minhas feridas.”

Simplesmente Ludom

Sete anos após a estreia com "Liberte Esse Banzo", a cantora, compositora e produtora Luciane Dom ressurge sob um novo nome artístico — Ludom — e apresenta um trabalho que simboliza essa transformação. O álbum homônimo, lançado em novembro pelo selo Toca Discos, reúne onze faixas autorais que Ludom compôs ao longo dos últimos anos. A produção musical foi assinada por Davidson Ilarindo, Felipe Rodarte, Rodrigo Ferreira, Theo Zagrae e pela própria artista, consolidando um som que reflete sua maturidade criativa e sua identidade renovada.

Em "Ludom", a artista costura referências da MPB, do afrobeat de Fela Kuti, do jazz etíope de Mulatu Astatke, do rap e do gospel, formando um tecido sonoro afro-diaspórico de contorno pop.

As letras mergulham em temas existenciais e sociais — das relações afetivas ao esgotamento mental e às injustiças contemporâneas. Canções como "Eu Vi Na TV" (com Negralha) e "A Rua" refletem sua visão crítica sobre a crise social na América Latina, enquanto "As Coisas São", parceria com Bia Ferreira, reforça o caráter político do álbum. Já as faixas em inglês, como "I Shrug" e "Can’t Hide", traduzem o olhar de Ludom sobre a vulnerabilidade e a incerteza dos nossos tempos.

Entre os destaques, está a colaboração com Luedji Luna em "Do Jeito Que Tá", um R&B elegante criado em parceria com Amanda Amado. Os singles "Toda Intensa" e "Calôbaixô", lançados em agosto e setembro, anteciparam o tom visceral e sensorial do álbum.

Ludom
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